PISICOPEDAGOGIA
A especificidade do tratamento psicopedagógico consiste no fato de que existe um objetivo a ser alcançado: a eliminação do sintoma – os obstáculos na aprendizagem, diferentemente do que ocorre no tratamento psicoanalítico.
Assim, a relação do psicopedagogo-paciente é mediada por atividades bem-definidas, cujo objetivo é solucionar rapidamente as consequências do sintoma, para logo depois mobilizar e desenvolver os recursos cognitivos. Esta é a maior complexidade na atuação do psicopedagogo, pois está relacionado com a operacionalização do trabalho e consequentemente com o êxito. Tal afirmação decorre da minha atuação como Supervisora. Frequentemente me deparado com situações em que, não podendo suportar as pressões (internas ou externas), o psicopedagogo opta por uma abordagem mais emergente, introduzindo o conteúdo escolar atual como tarefa nas seções, ou seja, buscando eliminar de pronto o sintoma. A pressão é interna e externa, porque muitas vezes o profissional, devido à sua ansiedade, tenta apressar o processo, pois, assim como a criança, a sua autoestima depende de avaliação externa, de modo que chega a experimentar a mesma frustração que a criança vive na Escola.
Intervenção Psicopedagógica?
A intervenção psicopedagógica pode ser entendida como uma interferência realizada por um profissional da psicopedagogia em pessoas que apresentem dificuldades de aprendizagem.
A psicopedagogia busca a melhoria das relações com a aprendizagem. Isso porque o seu objeto central de estudo está estruturado em torno do processo de aprendizagem humana: seus padrões evolutivos normais e patológicos. Na intervenção psicopedagógica o procedimento adotado visa interferir no processo, com o objetivo de compreendê-lo explicitá-lo ou corrigi-lo, introduzindo novos elementos para o paciente, quebrando o padrão e as dificuldades anteriores gradativamente, aprimorando suas habilidades e superando seus déficits de aprendizagem.
As intervenções psicopedagógicas podem se traduzir em uma fala, um assinalamento, uma interpretação que o psicopedagogo realiza em crianças com déficit de aprendizagem, além de outros fatores específicos somados aos sinais apresentados pela criança na escola e/ou no meio social.
Consideramos então, que um dos principais objetivos da psicopedagogia é a intervenção, realizando a mediação entre adolescentes, crianças ou adultos e os seus objetivos específicos de conhecimento.
É importante salientar que as causas das dificuldades e dos transtornos de aprendizagem são diversas, e por isso não é uma tarefa fácil para os educadores reconhecerem e compreenderem essa pluricausalidade. As escolas acabam rotulando e punindo esse grupo de alunos à repetência ou reprovação apenas, o que pode vir a causar mais problemas psicológicos ao jovem no futuro. Neste contexto sugere-se que haja um trabalho em conjunto entre o psicopedagogo e o professor. É uma boa opção organizar turmas para o trabalho em grupo, reunindo alunos que aprendem com mais facilidade e alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, porque crianças que entendem suas linguagens podem funcionar como professores uns dos outros.
Para a Psicopedagogia, os papéis de professores e alunos se alternam o tempo todo, pois podemos afirmar que no processo ensino-aprendizagem visto pela psicopedagogia também aprende-se sobre nós, sobre a nossa forma de ensinar, na qual, os outros servem de espelho.
Alguns passos para realizar uma intervenção psicopedagógica:
- Analisa-se com mais atenção e cautela os erros dos alunos;
- Elabora-se a reformulação e adequação das práticas docentes, para que elas se aproximem da necessidade dos alunos e atenda as dificuldades que o mesmo apresenta;
- Recomenda-se que o professor em conjunto com a escola e o psicopedagogo, reflita sobre a estrutura curricular e sua compatibilidade com a estrutura cognitiva, afetiva e social do aluno com déficit de atenção, afinal para nós psicopedagogos a aprendizagem baseia-se no equilíbrio dessas estruturas.
- Avalia-se o enfoque psicopedagógico da dificuldade de aprendizagem em crianças com déficit de atenção, os processos de desenvolvimento e os caminhos da aprendizagem, entendendo o aluno de forma individual e interdisciplinar, buscando apoio em diversas áreas do conhecimento, analisando a aprendizagem no contexto escolar, familiar e no aspecto afetivo, cognitivo e biológico;
A intervenção psicopedagógica pode ser entendida como estratégias que visam à recuperação de conteúdos escolares avaliados como deficitários nos pacientes. Procedimentos de orientação são realizados na intervenção, com a proposta de atividades como brincadeiras, jogos de regras e dramatizações, com o objetivo de promover a plena expressão dos afetos e o desenvolvimento da personalidade de crianças com e sem dificuldades de aprendizagem.
Ocorre que por meio da intervenção psicopedagógica as lacunas no nível dos conteúdos escolares são preenchidas, o que pode ser muito útil para a criança, se a razão de seu mau desempenho for de natureza pedagógica.
Instrumentos de diagnóstico e intervenção psicopedagógica, como atividades e testes tendem a ser muito eficazes e permitem uma abordagem mais ampla das necessidades particulares de cada sujeito.
Todo aquele que apresente dificuldades de aprendizagem na escola ou em contextos que necessitem de habilidades específicas como leitura-escrita, atenção e concentração, matemática; além daqueles que já realizaram o diagnóstico psicoeducacional e foram encaminhados para atendimento psicopedagógico e/ou psicológico.
A intervenção deve ser planejada conforme as dificuldades identificadas na avaliação ou diagnóstico prévio. O psicopedagógico ou profissional da educação irá programar atividades, jogos e brincadeiras, para trabalhar os aspectos deficitários apresentados pelo paciente.
O tempo depende do grau de dificuldade e capacidade de assimilação, bem como o empenho do paciente, pais e professores durante o período da intervenção psicopedagógica.
O paciente se encontrará com o (a) profissional em horários previamente agendados. As sessões ocorrem de uma a duas vezes por semana.